terça-feira, 13 de maio de 2008

Emancipação política de Paulo Afonso / BA


Texto : Antônio de Pádua Santos Salgado

A emancipação de Paulo Afonso surgiu por força do seu progresso. Em 15 de março de 1948, o Governo Federal sob a presidência de Eurico Gaspar Dutra, criou a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco - CHESF, com a finalidade de aproveitar o potencial energético da Cachoeira de Paulo Afonso. Em torno das instalações do acampamento da Chesf surgiu uma aglomeração urbana que se desenvolveu a ponto de se tornar o centro mais populoso, de maior renda e o grande suporte das atividades administrativas da sede do município de Glória. Graças ao seu desenvolvimento, a 30 de dezembro de 1953, por força da Lei Estadual de n. 62, passa a distrito. Paulo Afonso tinha tudo pra se tornar cidade, então Abel Barbosa e Silva lançou a campanha "Vamos emancipar Paulo Afonso". Esta campanha coincidiu com a época das eleições para renovação da Câmara Municipal e para a Prefeitura de Glória. Abel lança-se candidato a vereador representando o distrito de Paulo Afonso, muitos outros candidataram-se com o mesmo objetivo. Desses, 4 conseguiram eleger-se por Paulo Afonso: Abel Barbosa-PTB, Moisés Pereira-PTB, Otaviano Leandro de Morais-PSB e Hélio Morais Medeiros (Hélio Garagista)-UDN. Apesar das divergências político-partidárias uniram-se em torno da luta pela emancipação. Numa Câmara composta por nove vereadores, seriam necessários 6 votos (quórum qualificado) para a aprovação do projeto da autoria do vereador Abel Barbosa. Com muito empenho conseguiram, além dos 4 votos que tinham, os votos dos vereadores Amâncio Pereira e Adauto Pereita - conhecido por Adauto Cearense -, pai do professor José Maria. No dia da votação da Câmara, mês de março de 1956, Moisés Pereira que sofria de problemas renais, teve 3 crises e estrategicamente foi preciso prorrogar a hora da votação, quando Moisés Pereira melhorou e pode ir votar, então aconteceu a vitória. A luta foi árdua, algumas famílias da velha Glória se opunham à emancipação de Paulo Afonso, assim como a própria Chesf. As perseguições foram muitas, as reuniões para tratar do assunto tinham que ser feitas secretamente. Abel chegou a sofrer uma tentativa de assassinato, em frente ao cinema que havia onde atualmente funciona a KIBELLA na Av. Getúlio Vargas. Escapou graças a intervenção de Josias Lima (irmão do ex-vereador Batomarco - Xerém). Da primeira reunião secreta participaram: Luiz Inocêncio Lima (pai do vereador Xerém), Antônio Neto, João Marcineiro, João Sapateiro, Hortêncio e Risalva Toledo (a única mulher a participar da luta pela emancipação). Vencida a batalha em Glória, partiram para a Assembléia Legislativa do Estado - na época não havia plebiscito, quem decidia tudo era a Assembléia. Lá não contavam com uma representação suficiente para a aprovação do projeto, mobilizaram então a comunidade fazendo com que muitas pessoas enviassem telegramas aos deputados pedindo apoio. Cópias desses telegramas foram levados por Abel à Assembléia como forma de pressionar os deputados. Abel conseguiu firmar um compromisso com o deputado Otávio Drumond, também do PTB e autor do projeto na Assembléia que, com muito trabalho obteve o apoio de deputadodos do seu partido e deputados de outros partidos, a exemplo de Antônio Carlos Magalhães, na época deputado e líder da UDN, do líder do governo na época - governador Antônio Balbino, dos deputados Lomanto Júnior, Valdir Pires e Josaphat Marinho. É interessante frisar que o grupo obteve apoio de partidos adversários do PTB, como a UDN, por exemplo. O projeto de emancipação de Paulo Afonso, chegou a desaparecer da Assembléia Legislativa e o grupo teve que reconstituí-lo, pois estavam atentos a tudo. Finalmente, a 13 de julho de 1958 o projeto foi aprovado e Paulo Afonso conseguiu a sua Emancipação Política em 28 de julho de 1958. Por exigência do povo, Abel foi candidato a prefeito, competiu inicialmente com 3 candidatos: José de Oliveira Matos (Marotinho da Farmácia - tio de Tico), Otaviano Leandro de Morais e Adauto Pereira. A Chesf, intocável e toda poderosa, não tinha interesse na eleição de Abel, achavam seus dirigentes que ele já havia incomodado demais, além disso pertencia a um partido de trabalhadores - o PTB. Abel conseguiu que Getúlio Vargas presidente da República na época e visitando Paulo Afonso - contrariasse a programação estabelecida e fosse ao Sindicato dos Trabalhadores que funcionava de maneira improvisada na Av. Getúlio Vargas. A medida que crescia a candidatura de Abel aumentava a pressão da Chesf que chegou a demitir muitas pessoas que o apoiavam, como por exemplo: Gilberto da voz do Povo, José Francisco de Cordeiro (Zezito do Fórum), Eliodário. Só não impediram a sua candidatura por que ele contava com o apoio do Governador do Estado e de Deputados da Assembléia Legislativa da Bahia. A Chesf resolveu então investir em Otaviano, por considerá-lo mais maleável e conseguiu que Adauto desistisse da candidatura e apoiasse Otaviano. Perseguindo os trabalhadores e manipulando a própria Justiça Eleitoral, conseguiu derrotar assim o grupo de Abel. Otaviano Leandro de Morais foi então eleito o primeiro prefeito da cidade de Paulo Afonso, empossado em 07 de abril de 1959 permaneceu como chefe do executivo municipal até 08 de abril de 1963, quando assumiu o cargo Adauto Pereira de Souza.
Vereadores da 1ª legislatura (07/04/1959 a 07/04/1963):
Dinalva Simões Tourinho (1ª presidente da Câmara Municipal), Diogo Andrade Brito, José Freire da Silva, José Rudival de Menezes, Lisete Alves dos Santos, Luiz Mendes Magalhães, Manoel Pereira Neto e Noé Pereira dos Santos.




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